A indicação do deputado federal Josias Gomes (PT) pelo governador Jerônimo Rodrigues para ocupar uma vaga no Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) reacendeu episódios controversos do passado político do parlamentar. O nome de Josias esteve envolvido no escândalo do mensalão, um dos maiores casos de corrupção da história política do Brasil.
Descoberto em 2005, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o esquema do mensalão consistia no pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio político ao governo federal no Congresso Nacional. As investigações revelaram a existência de um complexo sistema de desvio de recursos públicos e financiamento irregular de campanhas eleitorais.
À época, o nome de Josias Gomes apareceu em uma lista com outros 18 parlamentares supostamente beneficiados por recursos do chamado “caixa dois” do Partido dos Trabalhadores, sendo sete deles filiados ao próprio PT. Os repasses teriam sido operacionalizados pelo empresário Marcos Valério de Souza, apontado como um dos principais operadores financeiros do esquema.
Josias Gomes chegou a confirmar que recebeu R$ 100 mil, valor que, segundo ele, teria sido destinado ao pagamento de despesas de campanha do partido na Bahia. O deputado afirmou que o repasse ocorreu por recomendação do então tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, figura central nas investigações do mensalão.
Apesar de não ter sido condenado no processo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a citação do nome de Josias no contexto do escândalo volta ao debate público em meio à sua indicação para um cargo vitalício em um dos principais órgãos de fiscalização do Estado. O TCE tem como atribuição justamente o controle e a análise da correta aplicação dos recursos públicos, o que torna o histórico dos indicados um ponto sensível e de grande interesse da sociedade.
A nomeação ainda precisa passar pelo crivo da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), onde deve ser analisada tanto sob o aspecto técnico quanto político. Enquanto isso, a lembrança do mensalão volta a ocupar espaço no debate público, reforçando questionamentos sobre critérios, moralidade administrativa e a coerência das indicações para cargos de tamanha relevância institucional.

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